quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Simão e sua família


Olá mamães,

Escrevi a história abaixo baseada nos relatos dos evangelhos, mas também usei um pouquinho da minha imaginação para descrever a forma como acredito que os fatos tenham acontecido.

Espero que abençoe a vida de vocês.

Simão voltava de seu trabalho no campo. Sua esposa e seus filhos, ainda bem jovens, dependiam do seu esforço para prover o sustento de seu lar. Ao se aproximar da cidade viu que tudo estava caótico: pessoas enfurecidas gritavam palavras ofensivas, guardas riam alto contando piadas grosseiras, um grupo mais afastado de homens pareciam muito assustados, algumas mulheres choravam inconsoláveis.

De repente ele percebeu do que se tratava: o cortejo dos condenados à morte na cruz. Três homens seguiam curvados, levando às costas seu instrumento de tortura.

Entre eles estava alguém que Simão já vira antes. “Não é este Jesus de Nazaré?”, pensou.  Sim, era ele mesmo. O homem que curara tantas pessoas, ressuscitara outras, multiplicara os pães e peixes. Muitos desses milagres Simão presenciara, outros tinha ouvido de quem esteve perto. Aliás, nos últimos três anos só se falava sobre o novo profeta que dizia ser o Filho de Deus. “Seria verdade? Seria Ele o Redentor que tanto aguardamos?” era o que todos se perguntavam.

Mas agora Simão contemplava atônito o mesmo Jesus que ajudara, curara e ensinara a tantas pessoas, sendo levado como criminoso para o monte do Calvário, o lugar da execução.

Resolveu acompanhar mais de perto. Viu a hora em que Jesus caiu sob o peso da cruz. Os guardas o levantaram de forma rude. Retiraram de suas costas a cruz e olharam diretamente para Simão. “Você, venha aqui imediatamente! Carregue isso!”

Simão não teve escolha. Se tivesse, jamais teria participado da tortura e morte de outro ser humano, especialmente de alguém como Jesus, um homem tão bom, um mestre tão sábio.

Andando bem próximo dos condenados, Simão pôde ver as feridas nas costas, na cabeça, no rosto de Jesus. Percebeu que ele estava muito enfraquecido. Em dado momento seus olhos se encontraram com os de Jesus. Então, ele viu no olhar do mestre algo mais que dor e sofrimento, viu amor. Amor pela multidão que gritava, pelos guardas debochados e cruéis, amor pelas mulheres que choravam, pelos homens assustados, amor por Simão, que levava a cruz onde ele seria pregado.



Ao chegar ao Calvário os guardas retiraram das costas de Simão a cruz pesada. Seguiram com os procedimentos para a crucificação. Simão ficou ali, assistindo a tudo com uma tristeza profunda, que doía muito mais que seus ombros machucados pelo peso que carregara.



Ao chegar em casa seu semblante mostrava que aquele não tinha sido um dia como outro. Sua esposa e seus filhos quiseram saber o que aconteceu e Simão lhes contou. Contou que vira um cortejo de crucificação. Contou da multidão, dos guardas, das mulheres que choravam, dos homens assustados. Contou que um dos condenados era Jesus de Nazaré. Contou sobre o peso da cruz que fora obrigado a carregar. Contou das feridas de Jesus, do cansaço que ele demonstrava, da fraqueza ante a tortura, do seu olhar... do amor no seu olhar.



Alguns dias depois, uma notícia começa a correr a cidade. O corpo de Jesus não estava mais no túmulo. Várias pessoas testemunham tê-lo visto vivo. Os discípulos afirmam que falaram e até comeram com Ele! Simão e sua família, assim como centenas de pessoas tiveram o grande privilégio de também ver Jesus ressuscitado!

A família de Simão nunca mais foi a mesma. Aquele que eles imaginavam ser um profeta, um grande mestre, um homem tão bondoso, tornou-se muito mais. Tornou-se o Senhor e Salvador de cada um deles.  O relato vívido de Simão sobre o que presenciou no cortejo até a cruz ficou gravado profundamente nos corações de seus filhos e sua esposa. A ressurreição de Jesus trouxe para essa família uma esperança e alegria indescritíveis.

Muito tempo se passou, Simão envelheceu e foi encontrar com o Senhor na Glória. Sua esposa e filhos continuaram firmes na caminhada com o Salvador. Muitas vezes quando estavam juntos relembravam aquele dia em que seu pai chegara tão abatido e lhes contara sobre a crucificação de Jesus.

Continuaram perseverando na fé e servindo à igreja do Senhor. Quando o apóstolo Paulo esteve na cidade em que moravam, cuidaram dele como se fosse parte da família. O próprio Paulo sentia-se assim, como irmão de Rufo e Alexandre e filho desta amável senhora chamando-a de mãe.

Comecei a imaginar essa história ao me atentar que em Romanos 16:13 Paulo estava se referindo à esposa e a um dos filhos de Simão, o cireneu.  Acredito mesmo que essa família foi tremendamente impactada pela experiência vivida tão de perto pelo pai.

Vale a pena refletir o quanto as nossas experiências com Jesus impactam nossos filhos. Vamos lembrar de conversar com eles sobre o que aprendemos com nossa leitura da Bíblia, sobre as respostas das nossas orações, sobre nossa conversão. Só o tempo nos mostrará o impacto que essas conversas farão na vida de nossos pequeninos, mas creio que serão enormes!

Um beijinho,

Da mamãe
do Gabriel e da Alice

2 comentários:

  1. Raquel,...assim como na minha poesia " Se Eu Estivesse Na Frente De Jesus ", você descreve com maestria e sensibilidade o Encontro do olhar de Simão com o Olhar de Jesus, Simão que recebeu a Graça de poder ter ficado em frente de Jesus . Mas você, com emoção, enaltece não os sofrimentos profundos de Jesus, mas o profundo e incondicional Amor que irradia de Seu olhar, Amor que mudou radicalmente a vida de Simão e toda sua família ! Lindo Texto ! Parabéns !

    Luís Felipe

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